sexta-feira, 25 de junho de 2010

E ANTEONTEM FOI MEU ANIVERSÁRIO...

Pensei muito antes de escrever este post. Estava relutante em me expor e fazer reflexões sobre mim mesma. Acho que vocês já perceberam que falo muito pouco de mim mesma e de minha vida pessoal. Por vários motivos: entre vários deles é que não gosto de ser mal interpretada e, além de eu ter dificuldade de falar sobre mim mesma por querer ser absolutamente fiel, geralmente, as palavras são pobres para expressarem o que quero; sou uma pessoa de vivências interiores muito profundas e muitas pessoas, por serem mais superficiais (isso não é crítica, são apenas maneiras diferentes de ser), têm dificuldades em entender quando falo de meus assuntos mais complexos e me incomoda mais ainda quando pessoas vêm com aquelas receitas e frases prontas do tipo auto-ajuda. Nesses casos, por mais boa intenção que a pessoa tenha mostra que não entendeu o âmago da questão. Alguém pode me achar prepotente como uma "psicóloga" uma vez me taxou assim na cara numa entrevista para um emprego porque eu coloquei o que pensava  mesmo educadamente e ela estava acostumada a pessoas que se diminuem por precisar de um emprego. E de fato, eu não daria certo naquele tipo de empresa com esse tipo de mentalidade exploradora da necessidade humana e que, infelizmente ainda existem aos milhares em nosso país. Mas, de verdade, adoro aquela música: complicada e perfeitinha...rsrsrsrsrsrs...nem tanto assim!

Então...são tantas coisas que vêm aos turbilhões na minha lembrança! Tantas histórias...quantas histórias!   Nossa! E tão minhas! Mas, vou deixar de divagações e ir ao que interessa.

Pois então, anteontem (23) foi meu aniversário...cinquenta anos! Nunca dei muita importância a essas coisas de idade porque, de verdade, nunca me senti com a idade que tenho. O corpo teima em me mostrar e minha cabeça sente o contrário. Por isso, nunca tive problemas em dizer minha idade real. Sempre fiquei vaidosa, porque apesar de fisicamente estar envelhecendo, e contra isso não se pode fazer nada, nem com zilhões de cirurgias, sempre pareço mais jovem do que sou. Em geral curto muito todas as etapas de minha vida. Não sou prisioneira da indústria da beleza e não gosto de dar meu rico e suado dinheirinho para os altos lucros da cosmética e, pior, da "medicina" estética. Não dou valor a invólucros, dou valor a conteúdo... e, na verdade, nem de maquiagem eu gosto. No máximo, quando é preciso, uso lápis, delineador ou um rímel e um batom. Só.

Só que 50 pesou. Pesou pela situação inusitada que estou vivendo. Sinto-me na metade e em metades. Vou explicar: na metade, talvez porque, imaginariamente ou desejosamente, 50 marca a metade da vida. Marca a metade de uma vida construída e rica de vivências as mais diversas durante cinquenta anos. Fui bebê, infantil até não querer mais, adolesci, sonhei todos os melhores sonhos, apaixonei-me algumas vezes, casei cheia de amor, ganhei da vida três presentes lindos, cresci, tornei-me guerreira por força das circunstâncias, lutei, guerreei, cai, levantei, me afundei, levantei de novo, chorei, sorri, brinquei, molequei muito e sempre mudando e me (re)adaptando...tudo o que uma pessoa sensível e emotiva pode sentir. Minha vida é um livro sim e não cabe nestas poucas linhas deste post. E tudo isso ficou no Brasil. Não trouxe comigo. O que trouxe para cá foram as lições que tirei de todas essas experiências. Do pouco que construí materialmente, trouxe apenas o que cabia em duas malas de 32 kg todo o resto ficou lá. Aqui tive que construir tudo de novo...do zero. Até o apartamento que aluguei somente tinha um fogão, uma geladeira e uma pequena estante. Tive que mobiliá-lo todo e com todos os utensílios: pratos, copos, talheres, panelas, etc etc etc. Nem minha língua serve de nada aqui. Costumo dizer que hoje aqui, mesmo sendo pós-graduada, ironicamente, sou analfabeta porque não consigo ler, surda porque não consigo entender o que ouço e muda porque não consigo me comunicar.

50 anos ficaram no Brasil. Continuo guerreira e destemida... aprender uma nova língua...difííííííííícil!!!! Mas estou aprendendo...aos poucos vou deixando de ser uma letrada analfabeta-surda-muda. A vida diária aqui ajuda muito a superar as dificuldades normais de quem imigra. O país e a cidade são organizados e voltados para os interesses e bem estar dos cidadãos; vive-se a paz, não há sobressaltos...violência social passa longe daqui. Sustos se toma com notícias de ano em ano de batedores de carteira ou com bêbados mais exaltados na rua ou algum louco insandecido que cometeu um assassinato.

O meu maior sobressalto aqui é a solidão. E olhe que sou pessoa que gosto de estar só a maioria do tempo. A dificuldade de comunicação por conta de um inglês básico aliada à timidez se transformam numa barreira enorme para se construir novas relações, seja de amizade ou de amor mesmo. Acrescente-se nesse caldeirão a timidez ou desconfiança dos finlandeses em geral com estrangeiros....aí o negócio complica. Consigo me aproximar com mais facilidade de jovens (brasileiros ou estrangeiros) do que de pessoas de minha idade. Só que a rotina deles não é a minha. Complicado! As duas ou três pessoas mais ou menos de minha idade com quem me relaciono um pouco mais perto são estrangeiras. A comunicação reduzida por idiomas diferentes é um complicador e  um limitador, tanto para se fazer entender, como para expressar pensamentos um pouquinho mais elaborados, além do que cansa a mente pensar e falar todo instante em idiomas diferentes.

Sinto muita falta sim de minha família. Sinto muita falta sim de meus amigos. Amigos não se faz da noite para o dia. Leva tempo. É um jardim delicado, que pede regas e cuidados quase que diário. Meu jardim  de amigos é recheado de belas plantas floridas e crescentes porque sempre foram cuidados por todos estão lá no Brasil.

Por isso tudo e mais um tanto estou com a sensação de metades. Metades de vida e metades vividas.

Passei meu aniversário sozinha. Mas minha família e meus amigos cuidaram tanto mesmo de longe, desde domingo, desse momento importante na minha vida...e uns me escreviam, e outros me chamavam no msn, e mandavam scraps e sms que, mesmo sozinha, não me senti só. Não foi fácil, mas consegui aproveitar, sem tristeza pela saudade, o belo presente que a natureza me deu...um dia agradável e lindo de sol...inteirinho. E fui passear. Onde? Alguém adivinha? Suomenlinna, claro...rsrsrsrsrsr. E, mais uma vez, foi mágico! Descobria cada cantinho, cada paisagem, cada bichinho, cheiro de mar,  o calorzinho do sol e o friozinho gostoso do vento leve, gente de biquini, gente de paletó e gravata,  gente fazendo fotos publicitárias, fotos de pose, fotos de paisagem, gente pegando sol nas pedras das encostas e nas pequenas praias, gente fazendo piquenique, gente jogando, gente em grupos, gente sozinha como eu, gaivotas e pássaros, e até um atrevido dançando num parapente para lá e para cá ao sabor do vento perto das rochas sobre o mar, barcos de todos os tipos e tamanhos e o rastro iluminado do sol sobre as águas baldeadas do mar. Esse foi meu aniversário. Tirei tantas fotos...mais de 400...todas lindas! A maioria está aqui.
E aqui, algumas escolhidas...difícil escolher...


































E a lua está quase cheia amarelinha amarelinha lá no horizonte...
Durmam bem!

terça-feira, 22 de junho de 2010

MULHERES EM ALTA NA FINLÂNDIA

As mulheres continuam a ganhar espaços antes disputados somente entre homens. Desde 2000 que a Finlândia tem uma mulher na Presidência, Tarja Halonen. E hoje, o Parlamento da Finlândia elegeu a nova líder do governista Partido Central, Mari Kiviniemi (foto ao lado), para o cargo de Primeira-Ministra.  Os parlamentares escolheram Kiviniemi com grande maioria, por 115 votos a 56, além de 29 abstenções. "Naturalmente, eu me sinto muito bem", disse Kiviniemi aos jornalistas após a eleição. "Estou muito feliz." Há pouco, em cerimônia oficial, Kiviniemi foi confirmada no cargo pela Presidente da Finlândia, Tarja Halonen.

Kiviniemi, de 41 anos, é a segunda mulher eleita para o cargo de Primeira-ministra na Finlândia. Kiviniemi é parlamentar há 15 anos. Em 2005, ela foi escolhida para o Ministério de Administração Pública. Kiviniemi sucede a Vanhanen, de 54 anos, que foi dos primeiros a felicitar hoje a nova primeira ministra.   
 
Matti Vanhanen apresentou a demissão na sexta-feira, oficialmente porque no outono vai ser operado de uma perna. Mas o partido do Centro, que Vanhanen chefiou até à sua demissão em 12 de junho passado, é palco de um escândalo político-financeiro.

PRIORIDADE É RECUPERAR A ECONOMIA

A prioridade será recuperar a economia finlandesa, um dos países da zona euro mais atingido pela crise, afirmou Kiviniemi. 

Muito dependente das exportações, a Finlândia voltou a entrar em recessão no primeiro trimestre deste ano, depois de ter conseguido crescimento positivo nos seis meses anteriores.


FONTES:
Helsingin Sanomat
Paraná Online
Expresso

segunda-feira, 21 de junho de 2010

ESTAMOS NO VERÃO, SERÁ?

Hoje, às 13:28 (horário na Finlândia), começou o verão. Será? O tempo está meio nublado e o sol mal consegue enviar seu calorzinho e luz por meio das nuvens.

Após quase onze meses em terras finlandesas, esta será a minha primeira vivência do verão por aqui. Destacando-se que, desses onze meses, mais ou menos entre nove e dez, foram de frio abaixo dos dez graus. Aí então é que se entende o porquê dos finlandeses fazerem tanta reverência a dias de sol e ainda mais quando vem quentinho.

As previsões para os próximos dias são animadoras: de temperatura acima dos 20 graus, embora eu não me anime muito, porque afinal são previsões e elas não acertam algumas vezes. Mas estou na torcida!

Hoje também é o dia mais longo do ano. O sol nasceu às 3:58 horas  vai se por às  22:51 horas. O interessante é que na verdade a noite não existe nesse intervalo. O céu fica mais para já amanhecendo.  Abaixo adicionei quatro fotos que tirei após escrever este post no intervalo de quase três horas, para vocês perceberem como é o quase sol-da-meia-nite em Helsinki. Mais para o norte da Finlândia, na Lapônia, o sol vai até o horizonte mas não se põe. E haja blackout nas janelas para quem se incomoda com claridade. A partir de amanhã, os dias já se vão encurtando um pouquinho a cada dia até seu auge no primeiro dia do inverno, que será neste ano em 21 de dezembro, às 23:38 horas.

E sábado próximo, dia 25, será comemorado o Juhannuspäivä - dia de São João. Estarei em Seurasaari assistindo as fogueiras e apresentações folclóricas. No próximo post postarei as fotos para vocês.

E para quem não sabe, na quarta-feira estarei comemorando meu aniversário...cinquenta anos ricos de vivências e muitas histórias de uma pessoa que se sente com 30...tá bom! Vá lá! 35! rsrsrsrs Mas, "comemorando", entre aspas mesmo, porque estou longe de todos que amo e sinto a falta de cada um deles imensamente. Não é fácil deixar toda uma vida construída de infinitos momentos vivenciados para trás e recomeçar do zero. Nem meu idioma aqui serve de nada. Sou uma "velha-nova" Irene recomeçando uma outra história. Vamos ver que livro toda essa experiência dará.

Para saber mais:
Juhannuspäivä - dia de São João
Horas de sol por dia na Finlândia

Fotos tiradas no intervalo de três horas apenas:

Foto tirada em Helsinki - 21/06/2010 às 23:02 h

Foto tirada em Helsinki - 21/06/2010 às 23:49 h

Foto tirada em Helsinki - 22/06/2010 às 00:39 h

Foto tirada em Helsinki - 22/06/2010 às 01:51 h

domingo, 20 de junho de 2010

MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL - HELSINKI

Ontem, eu e uma amiga brasileira que ainda não conhece muito de Helsinki, fomos fazer um passeio turístico na cidade. Gosto de fazer esses passeios com ela, porque é uma pessoa sempre disposta, alegre e não é exigente. Pessoas assim são ótimas para fazer passeios turísticos do tipo sem roteiros fixos. E eu gosto desse tipo de turismo porque sempre vem com surpresas.

E foi assim. Marcamos de nos encontrar em Kamppi às nove da manhã, então sugeri de irmos ver a Temppeliaukion Kirkko (Igreja na rocha) que ficava perto. De lá, resolvemos ir à Suomenlinna. Mas no caminho, observando os prédios do centro de Helsinki nos deparamos com um muito imponente. Sempre passava em frente a esse prédio, que na frente tem escrito "Institutum Zoologicum" entalhado nas pedras da fachada, e ficava admirando a beleza da construção. Mas sempre achei que era alguma faculdade de veterinária, zootecnia, algo do tipo. Paramos para tirar uma foto de uma escultura de bronze bonita em tamanho natural de um alce e umas girafas que estavam na sacada do segundo andar com olhar proseiro para quem, como nós, passava pela calçada. A porta do prédio estava meio aberta. Entramos acometidas por uma curiosidade própria de turistas. Afinal turistas podem cometer estes tipos de "deslizes". Quando entramos eu fiquei boquiaberta de cara com um elefante em tamanho natural bem na minha frente. Ai que eu fiquei encantada. Adoro natureza e animais então...! Não gosto de bichos empalhados, tipo aqueles em sala de ricaços para exibição de poder. Acho uma maldade matar animais ainda mais para nada, por puro prazer. E por isso sempre me recusei a visitar museus de história natural. Na verdade, nunca entrei em nenhum na minha vida. 

E não é que no tal prédio, que meio que "invadimos", funciona um museu! E de história natural! O nome do museu em finlandês é Luonnontieteellinen Keskusmuseo. Não sei explicar, porque de verdade detesto judiação com bichos, mas fiquei encantada com o que vi no museu. Talvez porque eles pareciam tão reais, em seu habitat...é como se a gente se transportasse para o mundo deles e os visse ali na nossa frente,  vivos, correndo atrás de uma presa, fugindo de um predador, alimentando-se, cuidando das crias, voando...perfeito. Fico me sentindo uma traidora de meus ideais quando digo isso. Mas estou sendo sincera. Voltando ao planeta Terra, pagamos cada uma 6.00 Euros pela entrada que valeu demais. São três andares repletos de animais de todos os tipos de de todos os lugares do mundo, uma seção grande dedicada a animais da Finlândia e termina em um enorme salão com dinossauros. Claro que não empalhados, mas mesmo assim é assustador imaginar como seriam os donos daqueles enormes esqueletos  e suas bocarras repletas de dentes afiados vivos. Imaginei que em duas bocadas aquele velociraptor me engoliria todinha. E fiquei pensando sobre extinção de animais. A extinção pode ser algo natural como aconteceu com os dinos, mas com a nossa "ajuda feroz", acabamos nos tornando os maiores predadores do planeta...de outros seres vivos como de nós mesmos. Será que nossa estreiteza de visão nos levará também à nossa própria extinção? Voltando ao museu, vale a pena demais visitar e entender a grandiosidade e riqueza da vida em nosso planeta. E é graças a ela que estamos aqui contando nossas histórias e deixando nossos rastros. Que rastro você deixa?
Luonnontieteellinen Museo
http://www.luomus.fi/
Endereço: Pohjoinen Rautatiekatu 13 - 00100 Helsinki
Entrada: 6.00E (adultos), 3.00E (crianças)
E agora visitando o site foi que vi que nas quintas-feiras das 16 às 18 horas a entrada é gratuita.





























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